Diário de mochila


Hama é un tipo curioso. Quase não fala espanhol, mas, quando vê gente trabalhando aqui em casa, um eletricista, um encanador ou os pintores que vieram outro dia, se aproxima, pergunta, comenta algo, quer conversar. Seu idioma pátrio é um dialeto árabe do norte do Saara Ocidental. O espanhol aprendeu na infância como língua secundária durante a ocupação de seu país por Espanha. Manca um pouco, se apóia mais em uma perna mecânica que substitui a que perdeu ao pisar uma mina explosiva no deserto; sonha com uma prótese e se vê mais próximo de seu sonho desde que chegou e veio morar conosco em nossa república de rapazes.

É estranho para mim que já o entendo um pouco vê-lo expressar-se assim, sem quase ser entendido em seu afã de ser cordial com os espanhóis... se é que se podem chamar assim os daqui já que eles, a parte do castelhano, também tem seu próprio idioma. Nós aqui nos entendemos; com poucas palavras, mas nos entendemos.

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