Diário de mochila


Com toda a preguiça do mundo, depois de levantar da siesta, de estar lendo o jornal nesta tarde de domingo em que o sol forte me desanimou de ir a praia me custa muito agüentar de pé diante da pia para arrumar a casinha;

Enquanto lavo pratos me lembro do dia em que deixaram notas em todos meus espaços virtuais para que telefonasse o quanto antes para minha mãe;

Lembrei-me também que o fato que gerou a urgência daquela chamada se desenrolou num dia assim... Justo quando eu estava, como agora, arrumando a cozinha... e chegou um amigo que era repórter fotográfico em uma editora. Sentou-se e enquanto eu terminava o que fazia me contou em que estava trabalhando e me perguntou se podia tirar uma foto de mim, “aí, assim mesmo, como está” e eu com uma bucha de “bombrio” na mão e avental diante da pia. Na chamada que fiz de um orelhão da estação de trens daqui de Bilbao a minha mãe em Belo Horizonte, me dizia ela eufórica: “te vi numa foto num livro da biblioteca pública meu filho! Você conseguiu? Publicaram seu livro ou alguma coisa assim?” Imagine minha mãe mostrando o livro pra todo mundo dizendo “esse aqui é meu filho, meu filho, olha só!”.

... e me lembrei bem do Leo Costa Braga, na minha cozinha, enrolando com o dedo indicador um cachinho de seu cabelo, me explicando: “É para um trabalho que fala de solteiros que vivem sozinhos mesmo tendo família ...” , “Não mãe aquilo lá é outra coisa...”.

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