Vovós ativas



Havemos de concordar em um ponto: as mulheres amadurecem antes que os homens e não raro vêm, em pleno vigor e conciencia, o declinar das forças de seus companheiros.

Um exemplo claro que conheço é o de Dona Dina, concidadã e simpática sensentona, conhecida de todos da cidade. Comerciante de moça, experiente barraqueira de salgados toca agora rendoso negocio na parte alta da cidade. Ativa, desembaraçada e sempre sorridente, se movimenta por toda parte, acompanhada do “seu velho”. Vai a frente de tudo, seja fazendo compras, negociando, resolvendo; e na hora de ir embora é ela que vai ao volante, “de nariz em pé”, atenta ao trânsito e mais ainda, do que irá fazer do seu destino.

Seu esposo, marido fiel, está sempre presente, em segundo plano. E mesmo ao cumprimentar conhecidos, só o faz após espalhafatosa troca de saudações dispensadas por Dona Dina. Quando caminhando vão os dois, está ele sempre um pouco atrás, como a não conseguir acompanhar os passos firmes e decididos dela.

Se nos damos a observá-los a sós, em ambiente de espera ou em seu próprio negocio, está ela a falar sóbria e sisuda, como a concluir e a acrescentar. E ele, olhar vago, calado, cabisbaixo, como a asimilar ordens em detalhes para acatar em seguida, evitando o risco de falhar e passar por evidente repreensão. Com razãoem evitar tal situação; experiencia tem de sobra de quando isso acontece, não tem mais autonomia, nem poder de decisão nas questões comuns da vida conjugal e muito mesmo na gestão dos negócios, ah, nisso mesmo é que não.

E outros exemplos existem, como é o do Sr. Geraldo e Dona Geralda, velhos fazendeiros dessas Minas Gerais. Em recente acontecimento, presenciei a comprovação de tal fato. Ele, pacato e idoso da “casa dos 80”, ex-político influente da região, vive agora sentado a um canto do que já foi uma movimentada fazenda, como a compartilhar com o gado, umas poucas duzias de cabeças, da serenidade daquelas paragens e seu mormaço, esperando a próxima refeição, da qual no perdoa atrasos. Ela, sempre as voltas com a limpeza da casa, do terreiro, do quintal, dando orgens aos agregados, ou mesmo receitando algum chá a algum posseiro adoentado.

Em recente visita que lhes fiz, estava Dona Geralda e um peáo da fazenda aplicando em uma vaca amarrada ao esteio do curral, um remedio contra vermes. Seu Geraldo, para demostrar ás visitas que gozava da simpatia de seus amimais, se aproxima por detrás da vaca para amigavelmente pegarla pelo rabo. Dona Geralda, presentindo o perigo, lhe diz: "Alá coice, hein, Geraldo!? Depois, fica resmungando de noite, clamando…"

Seu Geraldo, decepcionado por não poder demostrar o que queria, sai derrotado da arena, ou seja, do curral, de onde sua amada era naquele momento, rainha absoluta.



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