Num vagão de trem, me dou com ela; uma figura atraente, serena, mulher feita, de entre 30 e 40 anos; eu a vi antes que ela, a mim; se sentiu olhada, virou-se; eu desviei o olhar. Foi a vez de ela  me ver e me observar do esqueleto a aura, em uma olhada rápida e radiográfica a todas as camadas do meu ser.  As mulheres tem essa habilidade. Quando me volto seu olhar já era direto, cristalino. Estremeci. Era um tremor impetuoso, que sei, pouco controlável em mim. Por isso, talvez me ruborizei e senti uma fina gota brotar de meus poros, fazendo grudar nas minhas costas, a camisa. Sabia que, se olhasse outra vez, depois daquele infinito momento anterior, me sentiria obrigado a me decidir se abordá-la ou nao.

Era o passo me que colocava outra vez diante do abismo em que tantas vezes caí , do qual cada vez mais, era difícil  me reerguer.




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