Às vezes me refugio no silencio;
Elimino o som do televisor e vejo que as imagens me transmitem muito mais assim. Percebo que a ausência de som não é ausência de vida e a falta de palavras não é solidão. Tantos discursos estão construídos com palavras e sons que ao cessar-los adquiro algo de independência.
As imagens retransmitidas sem palavras deixam possibilidades de interpretá-las com calma, como são. Assim é mais difícil mentir.
Silêncios voluntários em uma conversa podem dizer mais que palavras. E estas, desconfio, estão feitas para convencer a nos mesmos ou ao interlocutor. Com elas nos comunicamos eu sei; mas num determinado nível, na intimidade entre as pessoas de uma casa, de uma relação e até mesmo de uma aldeia inteira são dispensáveis; no intercambio de olhares se desliza cumplicidade, paixão, repúdio ou acolhimento, carinho e até mesmo ódio.
As palavras têm seu momento imprescindível
e diante de sua força não está mal saber atravessar as águas convulsas das emoções para, quando necessário, encontrar porto seguro no silêncio. A vida sempre encontra de uma maneira ou outra, a melhor forma de expressar-se.

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